domingo, 20 de junho de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
The Great Gig on the Sky
Quando enfim consegui proteger a chama do tremeluzente fósforo (a caixa não me permitia mais muitas tentativas...), vislumbrei. O vento por um segundo não me preocupou e tive a certeza de que o que seria o último cigarro da noite (ou da vida) resistiria incólume às tentativas sádicas de assassínio por parte da Noite. A Noite que incansável e freqüentemente me privava de memórias e me abastecia de pequenos prazeres estava decidida a mostrar quem realmente mandava. O vento gélido que obrigava o álcool de meu copo a resistir aos tremores de meus músculos, que obrigava a minha garganta a se manter aberta apesar da infestação purulenta já estabelecida ali, que fazia meus dedos rígidos se agarrarem à última sensação de pertencerem a mim... A escuridão que brindava minha miopia com sombras difusas... Os sussurros dispersos que enchiam de dúvidas meus ouvidos... A Noite veio e tornou meus sentidos inúteis. Só posso agradecê-la.
Resisti a tudo. Não por teimosia ou nobreza. Simplesmente resignei-me a resistir. Estava biologicamente programado para ignorar as intempéries e seguir, acomodado como estava. Assim contra minha própria vontade, vi tudo que ocorria em mim com a frialdade de um observador externo. Vi quando a Noite trouxe a Solidão e o Abandono. Vi quando passeou belos quadros de Felicidade e Amor, a debochar de mim. Vi o Escárnio alheio pintado em vários tons. Vi o Desespero, o Temor e a Morte. Tudo isso teria afetado qualquer homem irremediavelmente, e por fim surgiu a Loucura. Tentei-me é verdade, mas não essa noite. Não após o que vislumbrei entre a chama de meu cigarro mal aceso, nas borras no fundo de meu copo, no tremor de minha musculatura relapsa...
Quem me mostrou, de fato, foi a Noite. Não sei que objetivo tinha com isso, se me dar forças ou tomá-las de vez. Fitei de relance e aos poucos fui me absorvendo até perder a noção de tempo e espaço. Temi o que encontraria, tanto quanto ardentemente desejei vê-lo. Duvidei até o ultimo segundo que realmente estivesse lá. Estava lá, no fundo de meu copo, nas cinzas de meu cigarro, em cada fibra de minha musculatura flácida. Observei por muito tempo, até que pudesse ver, e vi tudo ainda mais demoradamente, até que pudesse entender. E, enfim, revelou-se a mim.
Inútil o esforço do vento. Vãs as ações do mundo ao meu redor. Pois antes e acima de tudo pairava a minha Sina. Estava fadado a sofrer, não de padeceres cotidianos e de pequenos desconfortos. Para mim estava reservado o eterno vazio, que me blindava contra o vento gélido. Minha Sina, outorgada por poderes maiores e incógnitos ia me guiar até o fim do mundo, sem nunca me permitir descanso. Sempre olharia para frente e veria brumas, sempre olharia para trás e veria trevas. Não haveria aceitação que permitisse tolerar meus dias e minha Sina me privaria, sobretudo, da Morte.
Minha acomodação convenceu-me de que a batalha estava perdida. Não haveria sentido em tentar se adequar ou bradar aos quatro ventos (todos gélidos) minha angústia. Ia tentar provar em mim que há coisas maiores, maiores até que minha Sina. Desenganado e sem ilusões tinha, enfim, traçado meu rumo: caçaria o lado escuro da Lua.
segunda-feira, 17 de maio de 2010
Creature fear
A cada acorde tocado afundava alguns centímetros... receava parar de tocar e não parar de afundar, tanto quanto receava simplesmente atingir um fundo. Não deveria existir tal coisa. Mas intimamente sabia que existia. Continuou tocando freneticamente até parar de sentir seus dedos esfolados em letargia. Apaticamente esfolados, naquela noite pálida, ainda que estrelada. Correu nervosamente até cada casa gasta, saboreando cada traste passado como quem saboreia o dia findo. Naquele momento sim, teve certeza, nada mais existia.
Nesse torpor sonoro e tátil, sentiu claramente o gosto de tudo aquilo do qual fugia. Não negou receber as lufadas gélidas que atingiam seu rosto. Sempre sereno enfrentou a indômita natureza que o açoitava. Nunca descuidou de nenhuma nota, que seguiam se entrelaçando e estampando seu motivo. Desceu o tom, baixando a cabeça, sem reclinar o espírito. Digeriu humildemente cada dissonante. Assobiou de forma tímida um dueto consigo mesmo. Sem gargalhadas convulsivas, lágrimas contidas, gritos abafados... Deixou fluir, se entregando ao loop da levada mais do que deveria. Superou todos os meneios de seu corpo e, enfim, atingiu um falsete verdadeiro.
Sentiu a euforia crescer junto com a escala e esboçou um sorriso ao vislumbrar os primeiros raios da aurora. O arrebol marcou o fim de sua elegia, feita de penumbra e para ela. Repousou o violão ao seu lado, cerrou os olhos e enfim, sonâmbulo, acordou.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Anos 10: Diário de Bordo
Acordo em uma gélida manhã (não tão manhã assim) ensolarada de fim de maio. Ligo a TV, droga é domingo. Vejo um imbecilizante futebol, seguido de imbecilizantes programas de auditório, todos lotados por imbecis. Todos tentam vender o que se pode chamar de felicidade. Não creio que seja pra mim, sorte a minha. Desisto logo e ponho o tênis de jogging (wtf?!) que comprei pela internet. Lembro-me dela, e desisto de minha quase quebra de sedentarismo. Lixo vendido como notícia, entre anúncios absurdos e "enlarge your penis".
Num arroubo de reação corro ao shopping para tentar aplacar esse sentimento indesejado que me aflige sempre. Perdido entre futilidades e levianos seres, visito uma livraria apenas para confirmar as minhas suspeitas: mais esterco, só que dessa vez encadernado. Talvez se Deus (aquele de todos nós) castigasse menos Nardoni`s e mais Stephanie Meyers´s o mundo seria um local mais habitável. E ao pseudo-escritor que ousou escrever a biografia não-autorizada de um ator com menos de 25 anos e nada memorável na carreira, saiba que há mais círculos no inferno do que Dante descreveu.
Corro ao parque para ver patos politicamente corretos dividirem o lago com cisnes e outras aves inomináveis. Todos ao redor se abraçam e se saúdam em uma dança hipocritamente ensaiada a cada capítulo da novela das oito. Não consigo suportar o asco, ligo o rádio e fecho os olhos, apenas para maior padecer. Me recuso a explanar melhor o assunto, por demais traumático.
Só me resta retornar ao cotidiano que aos poucos tenta arrancar meu âmago, pedaço a pedaço. Como um Prometeu pós-moderno, regenero a cada fechar de olhos ou suspiro condescendente pelo que me cerca. Não, não é arrogância ou desprezo... Apenas estou acorrentado a uma época que nunca me pertenceu, em uma terra de outros. Errados eles, ou eu? Não importa, apenas fecho os olhos e suspiro mais uma vez.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
Esse Floyd podia ser eterno
Aqui estou, 2 e meia da manha, mais doses do que conseguiria aguentar no fígado e no sangue... Atom Heart Mother tem 23 minutos, que passaram em um piscar de olhos agora.... que posso fazer? Admito que os caras fizeram a parte deles, mas uns 10 minutos a mais não iriam mal.... custava solar mais 25 centavos?
Nesse momento esqueço qualquer problema, complicação, estresse, e o que seja e me perco nas vozes russas falando coisas incompreensíveis que fazem todo sentido para mim. Junto o meu íntimo que me diz para fechar os olhos, baixar o queixo, cerrar os dentes e correr, pela minha vida e a de ninguém... Pego isso deixo em segundo plano e me entrego de corpo, alma e espírito (etílico, claro) a esse tecladinho escroto e ao "silence on the studio... Que mais posso almejar? Que mais posso merecer?
Fecho os olhos, negando qualquer possível epifania ou epitáfio... só quero mais dez minutinho de atom heart mother para indivisívelmente seguir, ad eternum, em um solo dos outros, apenas rezando e clamando por mais dez minutinhos.
Nesse momento esqueço qualquer problema, complicação, estresse, e o que seja e me perco nas vozes russas falando coisas incompreensíveis que fazem todo sentido para mim. Junto o meu íntimo que me diz para fechar os olhos, baixar o queixo, cerrar os dentes e correr, pela minha vida e a de ninguém... Pego isso deixo em segundo plano e me entrego de corpo, alma e espírito (etílico, claro) a esse tecladinho escroto e ao "silence on the studio... Que mais posso almejar? Que mais posso merecer?
Fecho os olhos, negando qualquer possível epifania ou epitáfio... só quero mais dez minutinho de atom heart mother para indivisívelmente seguir, ad eternum, em um solo dos outros, apenas rezando e clamando por mais dez minutinhos.
domingo, 7 de março de 2010
Quando o destino nos sorri ou ri de nós [Riding the gravy train] (Parte 1)
Cai a noite. Nada mais piegas para o começo de uma história, seja ela de amor ou não. Mas é nesse clichê de livros ruins (das quais para meu espanto, as livrarias e bibliotecas estão cada vez mais lotadas) que tudo começa. Não sei bem se constitui um começo ou um fim, pois tudo se finda e recomeça no cair da noite, mas por puro formalismo vamos assumir que é um começo.
Caiu a noite e aqui comecei uma jornada. Na noite anterior havia encontrado uma garota diferente, daquelas que dão vontade de gritar: "Meu Deus, é essa". Conversa rápida de bar, troca de nomes. Drinks vem chegando e sumindo, a conversa se estende, a hora se esvai... Dou meu telefone, esperando em vão receber o dela... "Lésbica, certeza!" penso. Mais conversa, mais bebida e ela simplesmente se vai. Não da minha mente.
Amanheci em um canto qualquer do meu apartamento. Decidido. Hoje seria o dia, não acreditava que a vida me daria outra chance. Segui minha rotina normalmente até o anoitecer. Com o sol se pôs minha lucidez e meu bom senso, ou meu senso de realidade. A noite transforma as formas. Reforma e deforma. Deformei-me e meu alter ego não tinha dúvidas. Era hoje o nunca. Vaguei para o mesmo bar da noite anterior, na esperança de vê-la. Esperei até o começo da madrugada, sem sucesso. A hora passava e meu desejo recrudescia. Rapidamente atingi um estado de letargia moral e de entrega aos instintos. Sabia o que fazer.
Vesti meu casaco e sai a caça. Fui para as ruas sujas da cidade, mas sabia que não a encontraria ali. Como achá-la sem pistas em algum lugar desse formigueiro? Não precisava de prostitutas, mas confiei no destino. Recusei todas as vadias que se ofereciam e estacionei, esperando para ser assaltado. Um grito cortou a luxúria inerente ao bairro todo. Dirigi até o local, farol desligado. Peguei o velho canivete suíço no porta-luvas e corri até onde aquela mulher gritava freneticamente. Que diabos de bairro era esse onde ninguém se importava com uma mulher gritando na noite? Em um beco, um rapazola espancava uma mulher, que se recusava a soltar a bolsa. Aproximei-me furtivamente e cravei meu canivete em sua carne. Oito vezes.
Caiu a noite e aqui comecei uma jornada. Na noite anterior havia encontrado uma garota diferente, daquelas que dão vontade de gritar: "Meu Deus, é essa". Conversa rápida de bar, troca de nomes. Drinks vem chegando e sumindo, a conversa se estende, a hora se esvai... Dou meu telefone, esperando em vão receber o dela... "Lésbica, certeza!" penso. Mais conversa, mais bebida e ela simplesmente se vai. Não da minha mente.
Amanheci em um canto qualquer do meu apartamento. Decidido. Hoje seria o dia, não acreditava que a vida me daria outra chance. Segui minha rotina normalmente até o anoitecer. Com o sol se pôs minha lucidez e meu bom senso, ou meu senso de realidade. A noite transforma as formas. Reforma e deforma. Deformei-me e meu alter ego não tinha dúvidas. Era hoje o nunca. Vaguei para o mesmo bar da noite anterior, na esperança de vê-la. Esperei até o começo da madrugada, sem sucesso. A hora passava e meu desejo recrudescia. Rapidamente atingi um estado de letargia moral e de entrega aos instintos. Sabia o que fazer.
Vesti meu casaco e sai a caça. Fui para as ruas sujas da cidade, mas sabia que não a encontraria ali. Como achá-la sem pistas em algum lugar desse formigueiro? Não precisava de prostitutas, mas confiei no destino. Recusei todas as vadias que se ofereciam e estacionei, esperando para ser assaltado. Um grito cortou a luxúria inerente ao bairro todo. Dirigi até o local, farol desligado. Peguei o velho canivete suíço no porta-luvas e corri até onde aquela mulher gritava freneticamente. Que diabos de bairro era esse onde ninguém se importava com uma mulher gritando na noite? Em um beco, um rapazola espancava uma mulher, que se recusava a soltar a bolsa. Aproximei-me furtivamente e cravei meu canivete em sua carne. Oito vezes.
Ajudei-a a se levantar. Ela olha em meus olhos com um misto de agradecimento e medo. "Carona?", "Seria ótimo".
Levei-a até o subúrbio, muitos quilômetros de onde estávamos. Não conversamos no percurso. Não me importaria normalmente com esse tipo de coisa, mas não nego que queria saber o que de tão importante havia naquela bolsa. Quando enfim chegamos e destravei a porta do carro, olhei-a novamente nos olhos, agora tranquilos. "Que horas amanhã?", " as oito".
Quando o destino nos sorri ou ri de nós [Amused itself to death] (Parte 2)
Cai a noite. Sexta-feira...tudo se transforma. A noite de sexta tem ainda um ar mais especial que as noites dos outros dias da semana. Não sei o porquê, mas me alegro em saber que nem todos se renderam à segunda de manhã. Apanho-a no subúrbio, que me pareceu ainda mais longe dessa vez. Oito horas, como combinado. Estaciono, desligo os faróis. Nem preciso chamá-la, prontamente aparece. Enfim dou uma boa olhada. Loira, alta, 20 e muitos anos, se não trinta. Bem vestida, sem parecer uma freira ou uma puta. Mesma bolsa da noite anterior. Corpo escultural. Entra no carro sem cerimônia. "Como é seu nome?" "Amelie. E o seu.", "Importa?","Não." Era exatamente o tipo de mulher que precisava para hoje.
Vamos ao mesmo bar de todas as noites. Sentamos, peço dois whiskeys duplos. "O que você vai querer?", "Uma marguerita", ela bebe como puta... pouco conversamos, mas já estava claro como essa noite iria terminar. Porém eu estava mesmo com sorte. No boteco, entra a lésbica de quarta. Sorri ao me ver, convido-a a se sentar conosco. Se apresenta a Amelie, pede algo forte para beber. E a conversa flui. "Então como você conheceu a Amelie?". "Vim ontem nesse bar, ver se te encontrava. Você não apareceu, fiquei bêbado como um gambá e sai na rua, te caçando"."Me encontrou? (risos)"."Não, mas fui em um bairro de putas e encontrei Amelie". Amelie só ri da situação toda, porém permaneço impassível. "E hoje, veio aqui para ver se me encontrava de novo?", "Sim. Parece que deu certo"."Está certo disso?", "Não, mas é o melhor que tenho","Uma puta como isca e uma conhecida de bar?", "É mais do que tinha ontem". Amelie sorri, enquanto remexe nervosamente na bolsa.
Vamos ao mesmo bar de todas as noites. Sentamos, peço dois whiskeys duplos. "O que você vai querer?", "Uma marguerita", ela bebe como puta... pouco conversamos, mas já estava claro como essa noite iria terminar. Porém eu estava mesmo com sorte. No boteco, entra a lésbica de quarta. Sorri ao me ver, convido-a a se sentar conosco. Se apresenta a Amelie, pede algo forte para beber. E a conversa flui. "Então como você conheceu a Amelie?". "Vim ontem nesse bar, ver se te encontrava. Você não apareceu, fiquei bêbado como um gambá e sai na rua, te caçando"."Me encontrou? (risos)"."Não, mas fui em um bairro de putas e encontrei Amelie". Amelie só ri da situação toda, porém permaneço impassível. "E hoje, veio aqui para ver se me encontrava de novo?", "Sim. Parece que deu certo"."Está certo disso?", "Não, mas é o melhor que tenho","Uma puta como isca e uma conhecida de bar?", "É mais do que tinha ontem". Amelie sorri, enquanto remexe nervosamente na bolsa.
As duas vão ao banheiro, e Amelie leva a bolsa em que tanto quero fuçar. Demoram um pouco. Deve mesmo ser lésbica... só espero que ela goste de variar de vez em quando. Quando voltam e se acomodam, disparo. "Vamos lá para casa?", "Nós três?", pergunta Amelie. "Não, acho que você está confundindo as coisas", diz a lésbica de quarta. "Então eu catei essa puta do outro lado da cidade para você simplesmente falar que não? Resignei minha masculinidade para satisfazer seus desejos lésbicos e você me vira as costas?". "Não sou lésbica", responde a lésbica de quarta. Termina seu drink e sai, sem falar mais nada. Ah o amor. Não suporta a verdade.
Peço a conta e chamo Amelie. "Para onde vamos?", pergunta. "Para algum motel barato perto de onde te encontrei ontem". "Ok", responde. Era exatamente o tipo de mulher que precisava em uma noite dessas. Encontramos uma espelunca qualquer. Um forte cheiro de limpeza escondia a sordidez que emanava de lá, ou apenas protegia da sordidez que adentrava pela janela. Desnudo-a aos poucos. Beijando-lhe os lábios, puxo sua bolsa. Em vão. Tento mais forte, porém ela parece não querer se desvencilhar dela. "Solte". "Não posso". "Nem agora?", "não". "O que tem de tão importante ai?". "Algo que você perdeu faz tempo". "Ainda posso recuperar?", "não creio". "Então é algo que você não pode ficar sem?", "Provavelmente uma hora perderei, mas aqui estou apenas para te tentar e te lembrar da perda."
Tento ignorar a bolsa e prossigo, envolvo-a. Mas não consigo parar de pensar na bolsa. Forço novamente a bolsa. Levo uma pancada nos testículos e uma cabeçada no nariz. A vadia corre pela rua enrolada em um lençol enquanto eu completamente nu a persigo. Acuo-a em um beco. O mesmo da noite anterior. Ela grita. Pergunto com uma frieza não condizente com a situação: "O que tem ai?". "Uns chamam de amor próprio, outros de dignidade. Para você seria salvação". "E para você o que é?", " Uns batons e uma carteira". Ela grita de novo.
Sinto uma facada na barriga. Depois mais umas sete. Deixo-me escorrer pensando em tudo que ela disse. A consciência se esvai, junto com meu sangue. Ao longe ouço: " Carona?", "Seria ótimo".
Tento ignorar a bolsa e prossigo, envolvo-a. Mas não consigo parar de pensar na bolsa. Forço novamente a bolsa. Levo uma pancada nos testículos e uma cabeçada no nariz. A vadia corre pela rua enrolada em um lençol enquanto eu completamente nu a persigo. Acuo-a em um beco. O mesmo da noite anterior. Ela grita. Pergunto com uma frieza não condizente com a situação: "O que tem ai?". "Uns chamam de amor próprio, outros de dignidade. Para você seria salvação". "E para você o que é?", " Uns batons e uma carteira". Ela grita de novo.
Sinto uma facada na barriga. Depois mais umas sete. Deixo-me escorrer pensando em tudo que ela disse. A consciência se esvai, junto com meu sangue. Ao longe ouço: " Carona?", "Seria ótimo".
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