domingo, 23 de agosto de 2009

"A louça de hoje é o pesadelo de amanhã"

Pessoas, atualmente eu vivo o desafio de me manter vivo by myself... E como não só de miojo (ou de bandeco) vive um homem estou executando vários experimentos culinários, alguns bem-sucedidos outros não, mas isso é o de menos porque independente do resultado eu como mesmo!
E nesse percurso trilhado me deparei com um problema insolucionável (não, não é a lavagem da minha calça Jeans): a louça. Dia após dia lá está ela, como a memória do dia anterior, a lembrança de seus atos a rir desdesonhamente das suas tentativas de ignorá-la. Porra, ela é pior que minha consciência! Estou desenvolvendo algumas táticas: não importa o que eu esteja cozinhando sempre limito o que eu posso sujar a uma panela, uma frigideira, um prato, um garfo, uma colher e aquela faca cega de cortar carne que eu uso de teimoso. Para fazer coisas de forno planejo abrir exceção para usar assadeira, pirex ou análogo, mas sempre limitado a uma unidade. Copos, dispenso-os. Só compro coisas que possam ser tomadas na própria embalagem (na verdade tudo pode ser tomado na própria embalagem, acredite em mim).
A descoberta mais aterradora que tive foi que a louça, assim como as roupas, não se lava só e não importa o quão fundo você deseje, ela continua lá. Já experimentei inclusive lavá-la toda antes de começar a cozinhar, mas ao fim do dia ela continua na pia, incólume. Com isso só existem duas soluções no horizonte: usar tudo descartável (idéia em estudo) ou então começar a ganhar dinheiro logo e contratar uma empregada.

http://www.youtube.com/watch?v=5hISNd9m_As&feature=related (larica total ensinando a se livrar da louça)

obs: chamei a artilharia pesada e agora o mofo está cercado em sua última fortaleza. É questão de tempo para a sua rendição. Essa guerra eu já venci!

domingo, 16 de agosto de 2009

tudo em seu lugar, até coisa demais

Enfim minhas regalias suinas chegam ao fim... Volto pra "casa". Fico extremamente feliz em saber que meus delírios psicótico-paranóicos não se concretizaram e ninguém tentou invadir minha kit, tudo em seu lugar... Mas eis que um cheiro velho conhecido paira no ar: MOFO! Meu inimigo de longa data deflagrador das mais torturantes amigdalites, rinites, faringites e outras ites que meu corpo consegue inventar! Estou em uma casa dálmata: o que era preto tem pontos brancos, o que era branco tem pontos pretos!
Safado! Foi só eu virar as costas e sorrateiramente se infiltrou nos meus domínios. Roupas, umas 2 semanas de sol quem sabe salvem algumas (como se fizesse muito sol por aqui); crise alergica, espero que os 261535187 celestamines que eu tomei sirvam pra alguma coisa; a coitada da tv, resistiu como pode e após 6 semanas de ataques ininterruptos dos indesejados inquilinos ainda funciona. Mas isso é o de menos... o mofo conseguiu me roubar o prazer inefável de simplesmente chegar depois de umas bem aproveitadas férias e se jogar na cama, na SUA cama e falar: enfim, fudeu! Vai começar tudo de novo!

Obs: escrevo do chão da sala numa réstia de piso que consegui conquistar entre o território do meu antagonista, a custo de uma garrafa de ajax sabor floral e um litro de álcool gel. Entrincheirado entre os lençóis que consegui salvar dele (os que tavam na cama são candidatos ao lixo...) construo meu plano de ataque para amanhã. Prepare yourself! Minha vingança será maligna!!!!!
obs2: o fdp certeza que está rindo de mim pela casa, um frio da porra e eu com tudo que é janela e porta aberta, de samba canção (meus pijamas de frio também estão impraticáveis) entre lençóis finos (edredons idem!)!!!!!!!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Rhinotillexomania (primeiro conto, uhuuu!)

Rhinotillexomania. Achei o nome em um dicionário qualquer... Não me dei ao trabalho de descobrir se vem do latim, grego arcaico ou sânscrito. Mas dá pra ter uma pequena noção sobre o que se trata. Tirar meleca do nariz. Compulsivamente.
Compulsivamente. Compulsão. Com o pulso. Se pudesse enfiava a merda da minha mão até o pulso no meu nariz para me libertar desses objetos infames que habitam minha narina. Não eram poucos. Não eram pequenos. E tinham um propósito.
Começou cedo. Todas minhas lembranças de infância passavam por isso. Vejo duas vantagens claras da infância pura, aquela dos 5, 6 anos: a completa falta de qualquer interesse pelo o que pensam as pessoas ao seu redor e a total complacência recebida em troca. Com o tempo, só consegui conservar a primeira...
Mas voltemos ao meu problema. Desde criança cometia a rhinotollexomania, mesmo não tendo noção desse nome. Primeiro, tirava descaradamente. Com os anos, aprendi a ser discreto: um vacilo de qualquer interlocutor meu e lá ia o meu dedo ágil, estrategicamente posicionado em forma de garra, e me livrava daquele ser indesejado. Funcionou, por um tempo.
Isso era em público. Na paz de minha privacidade extraía-as sem nenhum pudor. Da mesma forma, não me negava exasperações de prazer a cada inimigo vencido.
E continuou, piorou. Na adolescência incontáveis vezes era obrigado a “desaparecer” para poder me entregar as minhas batalhas, mudava meus hábitos. Nada que realmente me atrapalhasse, porém não me parecia correto. Entretanto, sabia que estava fazendo o certo. E me sentia recompensado sempre. Estava empreendendo minha própria cruzada, o trabalho de deus. Mas na verdade, era só masturbação.
E aquilo seguiu prazeroso por mais alguns anos, apesar de já requerer maior atenção. Uma conversa de dez minutos, cara a cara, era um suplício. Encurtava como podia e já nem me dava o trabalho de me esconder para executar o serviço. Apenas virava o rosto e tirava a maldita de mim. Inocente, porém muitas vezes desagradável. E piorou, e piorou.
Dedicava horas aos meus embates. Deixava de sair de casa. Mas no fundo, era prazeroso. Alívio, a forma mais simples e nobre de recompensa. Socialmente era tenebroso. Parei de pensar nas implicações sociais daquilo. Pouco me importava o que as pessoas pensavam. Era a minha cruzada.
E aos poucos, foi me dominando. Levou cerca de 30 anos, mas transformei um habito detestável em um estilo de vida. Escondia-me oito horas por dia em algum serviço que me permitisse continuar meu vício. Passei incólume por todos os outros, aliás. Álcool, tabaco, sexo... Recompensas boas, mas momentâneas. Nada que se comparasse ao puro e simples ato de retirar meleca do nariz.
O que sempre me intrigou era a rapidez com a qual aquilo se reproduzia em minhas duas narinas. Limpava tudo e em questão de minutos, já havia mais. Mexia até meu nariz sangrar. Assim que o sangramento estancava lá estavam novamente.
E enfim me consumiu. Desisti dos relacionamentos. Seguia com o emprego só por questão de sobrevivência, mas abandonei qualquer outra atividade. Ignorava a degradação física por qual passava. Ignorava em que estava me tornando.
Cheguei ao ponto de quase vencê-las, ao notar que elas não apareciam rápido o suficiente para re-satisfazer minha compulsão. Alegrava-me com minhas pequenas hemorragias nasais auto-infligidas, era um convite para que viessem em abundância. E novamente meu nariz sangrava.
Foi então que elas vieram. Ou eu as descobri, nem sei ao certo. Seres abissais. Senti formações no fundo da minha narina, onde o dedo não deveria alcançar. Aquilo não me abateu. Assoar o nariz era efetivo, mas pouco recompensador. Era quase como levar uma mulher ao orgasmo com um vibrador. Para ela você pode até ter cumprido seu papel, mas a porra continua lá dentro.
Gradativamente venci a morfologia nasal e consegui ter acesso a elas. Pinças, palitos, cotonetes, grampos... Depois avancei até conseguir colocar meu dedo. Concomitantemente, sentia-as cada vez mais internas e zombeteiras. E mais inalcançáveis.
Por volta dos 50 começou a doer. Não a ardência e incômodo gerado pelas constantes lacerações que eu causava a mucosa nasal ou mesmo aquela sensação ruim de ir fundo demais com o dedo no nariz. A dor me lancinava. Porém não bastava mais retirá-las. Esperava segundo a segundo o momento em que se tornariam acessíveis aos meu dedos finos... Mas não bastava. Aquilo continuava. Logo em seguida outras tomavam o lugar das caídas. Isso me confortava, pois cada pequeno lampejo de alívio aplacava um pouco aquela dor maior. Já demoravam demais e a espera se tornava cada vez mais insuportável.
Em menos de um ano já estava incapacitado. Minhas lacerações nasais necessitaram de cuidado médico. Tratei-as, mas rejeitei um suposto tratamento que diminuiria minhas “secreções nasais”. Nunca se deve confiar em médicos. A dor atingiu o estagio do ingerenciável, e se tornou sofrimento. Não é possível se retirar melecas da alma.
Sofrimento. Não há como vencê-lo. Você pode até se acostumar a ele, mas isso significa rendição. Não me renderia, aquilo era a minha cruzada. E assim segui. Sofrimento: a cada meleca retirada, a cada meleca renascida, a cada dose, a cada tragada, a cada gozada, a cada passo, a cada dia. Um dia arranjei uma briga que me valeu um cruzado de direita em cheio no nariz. Sofri uma espécie de ejaculação nasal. Valeu-me um segundo de distração, mas só um segundo. Não me renderia ao masoquismo.
E enfim aqui cheguei. Não me importam quantos anos de vida me restam. Não me importa a vida medíocre a que me entreguei. Família, sucesso, dinheiro, nunca me tentaram. Sei de pessoas que tiveram tudo e perderam, sei de pessoas que transformaram centenas em bilhões, sei de pessoas que clamam ter achado o sentido da vida, o amor e outras baboseiras equivalentes. Nunca precisei disso. Nunca procurei isso. Porque, intimamente, no recôndito do meu ser eu sempre soube. Melecas: grandes ou pequenas, compridas ou esféricas, secas ou úmidas, sempre estiveram onde eram para estar. E a cada instante eram repostas independente do meu esforço homérico em retirá-las. Esse é o propósito delas... serem a minha cruzada. Quanto ao sofrimento, que fique onde está: não é possível se retirar melecas da alma.

Inauguração

É... Enfim, me rendi ao blog. Atrasado por que sei que já tão na era do microblog... mas é isso ai (dane-se). Isso aqui é minha humilde tentativa de expor o que de vez em quando sai da minha mente distorcida... Se as musas me sorrirem tento escrever alguma coisa aqui, senão vou tentar me ater a falar de música, literatura e principalmente: nada.


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