quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Vale do Jucá

Nesse clima de fim de férias, nada mais digno do que parar pra pensar no que ficou. De todos os momentos passados nesses parcos 2 meses de descanso, ócio e vadiagem sei que apenas alguns serão selecionados para o hall das coisas que realmente me marcaram. E o resto, para onde vai?
As lembranças são pedaços do mundo e das pessoas que você gosta que lhe são ofertados para te dar apoio nos momentos difíceis. Sei... As lembranças são simultaneamente aquelas plumas que lhe acariciam o ego e mascaram os acontecimentos mais amargos, e os petardos sempre dispostos a acabar com o nosso dia. Assim como conviver com elas?
Todas as lembranças são cruelmente encarceradas no fundo de nossa mente. Medida mais que necessária. Não há decoro ou caráter que resista a todas elas. As mais tenras coitadas, são relegados a mesma escuridão que  as mais encardidas, isso quando não são suplantadas pelas vergonhosas rememorações de nossos atos diários ou isolados. Existem as teimosas, que insistem em marcar sua presença nos momentos mais inoportunos, as felizes que controlam a singela vontade de se matar e as simplesmente inesquecíveis. 
As lembranças que realmente importam, as que nos tocam indelevelmente e com a ternura do olhar perdido sustentam a nossa dor e o flagelo cotidiano costumam ser as mais despretensiosas. Hoje olho para trás e por mais que não consiga distinguir cada momento simples e puro de felicidade sei que elas estão lá, velando por mim. E assim espero, até chegar o dia em que olhar para trás não seja apenas singles desconexos, mas uma obra coesa que possa chamar de minha.

Obs1: Existem também aquelas que inutilmente encarceramos, pois na verdade estamos apenas rezando para conseguir acessar o HD que todos nós carregamos e sem nenhuma piedade deletar a dita cuja.
Obs2: É incrivelmente fácil lembrar daquele menino que te batia na escola, mas tente se lembrar do nome da morenaça que você conversou na festa!

2 comentários:

  1. eu até hoje tento me lembrar com quem foi que conversei numa festa dessas sobre o maurição...
    anyway, o texto tá levinho, a cara do verão, daqueles sorvetes de limão que conseguem ser refrescantes e amargos.
    abrass

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